...encontramo-nos no acaso.
trocamos olhares vagos. cumprimos as horas do costume. no lugar do costume.
sabiamos que tarde ou cedo a palavra fluía
fluí na vaidade do meu desinteresse…
e porque não ceder ao jogo da sedução?
alimentei a expectativa de que algo diferente me desencantasse.
me roubasse ao vazio.
provamos íguarias, seduzimo-nos.
medi o tempo que nos afastava.
e no entanto, isso encantou-me.
a distância no nosso tempo…
disseste que estava soberba…
o preto reluzente e ezímio do carro em que me conduzias
condizia com os teus botões de punho.
e tu elegante como o momento exigia. como disseste.
sorri.
deliciaste-me com aquele peixe galo regado a douro branco.
alto douro…
alto douro…
levaste-me a dançar áquele club.
só lá era possível dançar assim.
como desejavas.
com os corpos esmagados.
um contra o outro em ritmos de outros tempos.
do teu tempo.
que eu incorporei.
enfeiteiçei-me com as tuas vivências.
do sul da europa às illhas gregas.
ao resto do mundo. onde me me queres levar.
eu sei que sim.
que terias orgulho que te desse o braço pela mundo fora.
tal como quando passeamos ao fim da tarde.
de braço dado.
enfeiticei-mecom o teu élan.
com a elegância que te corre nas veias.
com as conversas sem fim que alimentamos…
com os beijos que me dás de olhos fechados.
queria tanto meu querido apaixonar-me perdidadamente por ti…