terça-feira, 12 de maio de 2009

GLAMOUR




...encontramo-nos no acaso.
trocamos olhares vagos. cumprimos as horas do costume. no lugar do costume.
sabiamos que tarde ou cedo a palavra fluía
fluí na vaidade do meu desinteresse…
e porque não ceder ao jogo da sedução? 
alimentei a expectativa de que algo diferente me desencantasse.
me roubasse ao vazio.
provamos íguarias, seduzimo-nos.
medi o tempo que nos afastava.
e no entanto, isso encantou-me.
a distância no nosso tempo…
disseste que estava soberba…
o preto reluzente e ezímio do carro em que me conduzias
condizia com os teus botões de punho.
e tu elegante como o momento exigia. como disseste.
sorri.
deliciaste-me com aquele peixe galo regado a douro branco.
alto douro…
levaste-me a dançar áquele club.
só lá era possível dançar assim.
como desejavas.
com os corpos esmagados.
um contra o outro em ritmos de outros tempos.
do teu tempo.
que eu incorporei.
enfeiteiçei-me com as tuas vivências.
do sul da europa às illhas gregas. 
ao resto do mundo. onde me me queres levar.
eu sei que sim.
que terias orgulho que te desse o braço pela mundo fora.
tal como quando passeamos ao fim da tarde.
de braço dado.
enfeiticei-me
com o teu élan.
com a  elegância que te corre nas veias.
com as conversas sem fim que alimentamos…
com os beijos que me dás de olhos fechados.

queria tanto meu querido apaixonar-me perdidadamente por ti…











sexta-feira, 8 de maio de 2009

uma espécie de felicidade

a porcelana das chávenas tilinta no prateado do tabuleiro de arabescos.
o seu som não tem tempo de se propagar. 
ao invés um electrotango alimenta o nosso propósito. 
fatalmente entre um rápido entender de olhares a resistência sucumbe. 
dá lugar a uma sôfrega  degustação.
prolongada. 
sem tempo.  
na penumbra das velas. 
de olhos nos olhos. 
em fusão. 
perguntas-me o que já sabes de cor mas queres ouvir-me.
fazer-me pensar que tenho escolha. 
é o teu prazer. 
e eu dou-to. 
então percorres-me assim como só tu sabes. 
seguro no teu pavor de mim. 
das sensações telúricas que te provoco contra a tua vontade.
descanso entre as batidas acelaradas do teu coração. 
esforço-me por guardar em mim  o teu sabor a fresco. 
a sabonete de alfazema confiança. 
encostas as minhas costas ao teu peito e das-me uma massagem. 
dizes que deviam ser mais duras para desfazer as tensões do meu controlo. 
eu incentivo-te a magoares-me. 
mas tu não queres. 
dizes que queres ser assim.
meigo para não desfazer aos meus caprichos.
e eu deixo-te ser assim…
deixo-me adorar.

e sentir a tua boca no meu pescoço. 

e as tuas massagens. 

e os meus caprichos. 

e os teus receios. 



e o dia quase a chegar…