sábado, 27 de dezembro de 2008

natal

atravessei a serra, gelada, mágica, de encontro às raizes mais profundas. inspirei o ar gélido mas purificante das ruas iluminadas e o cheiro a lareiras a queimar. reencontros, abraços profundos, trocas de presentes e gargalhadas, na pastelaria dos melhores bolos do mundo, a Pastelaria Gomes. o jantar do costume com a gente do costume, sempre, para lá do tempo, das vidas. historias, bom vinho e iguarias, brindes, saúdes e felicidade eterna. algumas novidades, barrigas prenhas e separações também, menos alguns à mesa. mas sempre os mesmos de sempre. almas com o mesmo peso, companheiras do mesmo percurso. 

ao outro dia, depois da ceia, encontramo-nos todos para a missa, a do galo. desculpa em casa, como se precisássemos! ansiosos procuramos uma tasca aberta, algures. nada está aberto. nada é como dantes... albergamo-mos em casa do N. que tem a lareira a arder à nossa espera. somos muitos. alguns já se recolheram, restam, os mais resistentes...  relaxo no puff preto em frente às labaredas e J. prosta-se,  encostado nas minhas pernas compartilhando comigo o wiskey que preparou minuciosamente, como sabe que aprecio. tira-me o cigarro dos lábios para o sorver e restituí, entre conversas e risos, como se fosse natural ou que acontecesse todos os dias. como se ainda andássemos de bicicleta, nas férias grandes, até ao anoitecer... mas é natural, o contrário é que o não seria. 
está muito frio lá fora. e longe estão todos aqueles que tem feito parte da nossa caminhada. agora estamos entre as montanhas. passamos pelo sono, encostados, já é tarde. amanhã temos almoço de família. 

encontramo-nos todos, novamente, para o café, depois dos excessos do almoço. despedimo-nos até à próxima festividade. sabemos que vamos estar novamente. J. abraça-me intensamente, combinamos mil coisas, conferimos tlm, mails. encostamos os corações. despedimo-nos 3, 4 vezes, com os hálitos próximos e os sorrisos constantes. é assim com os primeiros amores das nossas vidas, aqueles que começam nos infantários... 

mais despedidas também de coração, a minha filha, já parte importante deste grupo, desde muito pequena, troca números de telemóvel com os amigos mais velhos, que lhe prometem aventuras, daqui a uns anos, caso a mãe se torne uma chata. os tios/as são para isso mesmo, dizem... até para o ano! boas entradas! feliz 2009.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Re:

quem dá e tira inferno gira... 
mas como não sou boazinha e não acredito nesse inferno, azarito.

mudando de tema.
estes últimos dias do ano, tenho recordado como já fui infinitamente feliz contigo.
sabes a amplitude das minhas palavras...

estes dias têm-me feito tomar resoluções sérias. têm-me feito reflectir sobre o tempo que se perde.

definitivamente, quero pessoas alegres, confiantes e fortes como "lobos" ao meu lado, também podem chorar, mas isso é bom, expurga....

só assim, poderei ser, criar, construir, como sempre foi, não é?  não definhar.

andei a definhar, sabes? 

mas não há coincidências. nem que seja para compreender o quanto pesam algumas almas.
e umas pesam muito mais doque outras.

tenho aprendido  que o que é muito fácil, também é muito efémero, inconsequente e minimalista, repete-se noutras peças.

a nossa vida não foi fácil, nunca o foi, mas foi verdadeira. foi a nossa vida, intensa, vivida, saboreada, chorada, às vezes de dor, outras de extâse.

mas existiu. 

devia-te isto. 

sabes, como eu sei, que existiremos sempre, independentemente doque isso nos possa trazer.

as cumplicidades das pequenas coisas são muito difíceis de alcançar com qualquer um...

obrigada querido por continuares aqui.






sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

deixei-te ir


ofereci-te a chave da equação que te afligia e deixei-te ir. iluminei-te o caminho à distância com a as velas que ardiam fantasmagóricas na mesa. senti o teu alívio. veio-me á memória o semblante de ausência que trazias a última vez que te vi.


mata-me como o tens feito, sem medo, implacável.

...da minha natureza



"Assim que o betão começar a frenar a garganta, das Fisgas do Ermelo não se verá mais que um fio de água fragas abaixo, e do vale do Tâmega pouco restará dele escavado por um rio. Muito da nossa identidade paisagística e património colectivo completamente alagado. O que era natural dará lugar ao impacte artificial de uma albufeira de falsas promessas, à distância e a bem da alumiação do Portugal filho e no que resta em desgraça ao Portugal enteado."


by Vitor Pimenta

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008


há dias assim...


acordei, ainda estava a nascer o sol. depois da peça de fruta habitual, antes do pequeno almoço, enquanto fumava o primeira cigarro do dia, senti o frio cortante (na lavandaria, versus sala de fumo) que se fazia anunciar lá fora.

em sintonia, também senti algo cortante, no peito, que não sei se é gelo se fogo mas, que me queima à mesma e envolve numa tristeza profunda, que os meus olhos não enganam, como diz o meu terapêuta, ao contrário doque insisto provar a mim mesma.


através do fumo, repasso alguns dos ainda presentes registo do sonho que vivi. conversava contigo meu amigo, entre risos e olhares de alegria infantil e juntavamos as palmas das mãos sempre que diziamos uma fala, num acto de sintonia, de troca de energia...subliminar ou o desejo que assim fosse e tornado realidade em sonho, como diria freud?

começo a acreditar (como em tempos li, num romance?!) que as lutas, ódios e afins, se devem à necessidade de energia que temos para sobreviver mas, que dando essa energia aos outros (amando, dando, acreditando), em vez de lha tirarmos, a recebemos de volta fortificada...


bom, bebo um copo de água, e dou ouvidos ao dr.p., afinal de contas, não tem interesse viver infeliz.

já começo a sentir-me melhor, vou acordar a pequenita e rodopiar para mais um dia, até que a noite chegue, e eu acenda as primeiras velas...


será amizade?!


terça-feira, 16 de dezembro de 2008


sexta-feira

são quase 5:00h e o telemóvel dá de si com um sms, sorrio, sei que és tu...
dizes, vou a 200km/h a correr para os teus braços!

o alfa chega às cinco e pouco a campanhã, começo a sentir nervosismo de felicidade.
desligo o mac, arrumo tudo rapidamente, bom fim de semana, digo.
ainda passo pelo espelho do wc e retoco o gloss, branco purpurinado.

ja estou em s. bento, hoje não cheguei atrasada e em casa já ficou tudo pronto para te receber.
antecipo, ao relembrar-me, o prazer que te vejo no olhar, quando me vês, ao longe, a ir em tua direcção, aos teus braços...

chegaste. trazes o sobretudo antracite de cachemira, e o cachecol vermelho sangue que te ofereci. e agora já com os nossos olhares verdes presos um no outro, vou devagar, a sorrir, a constatar como és lindo e como te ficam bem essas brancas que já despontam no teu cabelo negro, vou devagar, para os teus braços, para o beijo intenso e desavergonhado que sei que me vais dar...

é sexta-feira, ainda temos umas horas pela frente, não fiques triste meu amor...

vamos ver o mar?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS
mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem
de Clarissa Pinkola Estes

"re-comecei" a ler este livro, que me foi oferecido quase há um ano de prenda de natal, por uma pessoa muito querida e que com toda a certeza, sabe porque o fez... no entanto, esteve todo este tempo como objecto de decoração, de mesa-de-cabeceira, à espera do seu tempo certo, aliás como tudo na vida...
trata-se de um ensaio (revolucionário e provocador), que questiona de forma incisiva o protótipo da mulher moderna, não desvalorizando no entanto, o seu potencial para ocupar posições de destaque na sociedade, conduzindo-nos a uma reflexão sobre características muito próprias que foram abandonadas: as nossas raízes mais interiores, a intuição e a criatividade.
através de contos tradicionais, são analisados paradigmas da conduta e do comportamento feminino.
a mulher que corre com os lobos, ou a mulher selvagem, ou aquela que sabe, é aquela que não se envergonha de respeitar os seus ciclos de vida, o seu lado mais primitivo, a sua espiritualidade. uma mulher que enfrenta os seu próprios medos e sobrevive às suas próprias fantasias infantis acerca dos relacionamentos, do estado de paixão, da maternidade, etc.
a autora compara essa mulher aos lobos, pois, como eles, é detentora de uma aguda percepção, de espírito lúdico e de uma enorme capacidade de afecto.
esta leitura permite a construção de uma sólida ponte entre o cógnitivo (intelecto) e o afectivo (emocional) - a base da nossa personalidade.

AMAZING!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

um excerto...

"(...)os lobos são bons nos relacionamentos. qualquer um que os tenha observado, sabe como são profundos seus vínculos. é freqüente que os parceiros sejam para toda a vida. muito embora entrem em conflito, muito embora exista a discórdia, os vínculos entre eles permitem que ultrapassem invernos rigorosos, primaveras abundantes, longas caminhadas, novas ninhadas, antigos predadores, danças tribais e cantos em coro. diferentemente dos seres humanos, os lobos não consideram que os altos e baixos da vida, quer de energia, de poder, de alimento, quer de oportunidade, sejam espantosos ou punitivos. os picos e os vales simplesmente existem, e os lobos passeiam por eles com a máxima eficácia e facilidade possível. Entre os lobos, os ciclos da natureza e do destino são encarados com elegância, inteligência e persistência para ficar junto do outro e viver por muito tempo e o melhor possível".

Início

"A alma pesa o peso do Universo e o peso da sua ausência. A leveza da sua alegria e o peso da sua dor. Pesa o que pesa a consciência de si, quando se narra(...) a alma é uma narrativa acumulada, enquanto se possuí uma língua que a fala"

in "Combateremos a Sombra" - Lídia Jorge