aqui estou para para falar de ti
para me falar de ti
daquilo que não te quero dizer
um dia qualquer
que me apeteça
mostro-te tudo o que falamos
tudo o que queres saber sobre mim
sobre ti em mim
como me pedes na tua curiosidade felina
volto sempre
porque não me apetece partir-me de ti
numa análise cinéfila, diria,
que, como se"o pecado morasse ao lado"
percebes, não é?
quando eu me redimo, voltas tu
para me desassossegar…
que sou má
que sou o teu pecado
que te descontrola a personalidade virgiana…
quando és tu
sou eu que não te sossego
que te alimenta o ascendente carneiro de fogo
a que não resisto
e que te descontrola
que nos restará?
para além deste querer infernal,
a que sucumbimos e que nenhum de nós quer?
ou antes,
que se quer intensamente
sem saber como…
aquela quinta no Douro
talvez nos acalme
e nos deixe viver em felicidade
um dia…
ou então,
teremos que nos esquecer dos sentidos,
dos cheiros, dos sabores, da terra,
da vida.
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